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Uma tecnologia apenas não evita que a pirataria aconteça (Português)

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Em evento do TOP-C Level Latam, principal hub dos executivos C-Level da indústria de mídia e entretenimento da América Latina, Danilo Almeida – Diretor de Engenharia de Software e Novos Negócios da NAGRA – fala sobre a importância de combinar tecnologias e elevar o nível de proteção na cadeia de distribuição de ponta a ponta.

Uma tecnologia apenas não evita que a pirataria aconteça

Ainda em 2011, a NAGRA montava seu primeiro laboratório de investigação e combate à pirataria. Inicialmente, isso foi feito de forma muito tímida, analisando fóruns e informações que vinham de decodificadores piratas e eram adquiridos pela empresa. Cada dispositivo era verificado para entender como o software se comunicava ou não com a rede, buscando desvendar a informação pirata que estava ali. Rapidamente, esses laboratórios expandiram, e hoje nós temos um centro de trabalho no Brasil, e unidades em Denver e em Madrid.

Em paralelo, e de forma exponencial, a pirataria também aumentou e a proliferação do OTT significou mais fluxos, mais redes e mais dispositivos conectados. Nós acompanhamos toda essa tecnologia utilizada pelos piratas de distribuição e de captação de vídeo. Parte do nosso desenvolvimento em digital television e distribuição de vídeo broadcast e streaming é fruto da evolução desse monitoramento ativo e do entendimento de que a pirataria não é um caminho linear a ser protegido. Pelo contrário, é um labirinto com vários pontos de ataque para os piratas explorarem e que demanda uma abordagem abrangente de proteção de conteúdo e serviço.

Hoje, a NAGRA tem um produto de criptografia, que é o core da empresa, e um leque de soluções dentro da TV digital, com plataformas, players, segurança, desde controle de acesso condicional, DRM, e DRM proprietário – que é utilizado em situações em que o chipset é de controle da NAGRA para poder fazer hardware root of trust (nível mais avançado de segurança) – a multi DRM, um sistema que gerencia DRMs de mercado, para uso em plataformas abertas.

Todo esse ferramental, mesmo encriptado de ponta a ponta, e de formas diferentes – controle de acesso condicional para o que é broadcast e DRM e multi DRM para tudo que é streaming – muitas vezes, não é suficiente para combater totalmente a pirataria. Isso porque em toda a cadeia produtiva do ciclo de vida de um vídeo, seja um conteúdo ao vivo ou gravado para ser reproduzido depois, há fragilidades ou a possibilidade de um pirata subtrair o conteúdo. E na grande maioria das vezes, os piratas roubam o sinal na última milha, a fim de conseguir de uma vez todo o valor agregado daquele sinal.

Daí a importância de elevar o nível de proteção na cadeia de distribuição de ponta a ponta e combiná-la com ferramentas como as fornecidas pela abordagem Active Streaming Protection, da NAGRA, que inclui serviços antipirataria e permitem a identificação de roubo de conteúdo e rastreamento de fonte associado, para as ações e correções necessárias.

É curioso dizer isso, mas existe concorrência entre os piratas: o pirata que oferece um jogo que ele conseguiu roubar na câmera em que está sendo gravado terá o conteúdo dessa câmera apenas, sem a narração. A atratividade desse pirata, certamente, vai ser menor do que a do pirata que roubou lá na frente, depois do túnel ou do HDMI. A lógica de cortar o caminho é que, em algum momento, tudo o que foi encriptado precisará ser desencriptado. E, enquanto não tivermos um chip ou SIM card acoplado em nosso cérebro, para conseguir ver e ouvir o conteúdo, será preciso desencriptá-lo.

Atualmente, para resolver esse tipo de problema, a melhor ferramenta técnica que existe é a marca d’agua. Ela pode vir em vídeo, em áudio, audível ou inaudível, visual ou não visual. A NAGRA trabalha com marcas d’água na fase de pré-produção, produção, pós-produção, distribuição para a cadeia cinemática, distribuição dentro da packetização em empresas que concentram sinais, como operadoras de TV por assinatura. Se o pirata rouba lá na ponta, não adianta saber apenas o que o superagregador recebeu, é preciso ter essa extensão até o consumidor final. Pela marca d’água, é possível fazer esse reconhecimento, por isso ela é a melhor ferramenta técnica para verificar onde há vazamento nos dias de hoje.

A indústria vem se alinhando com diferentes grupos e participantes para fazer sua parte para proteger conteúdo valioso. Isso inclui a implantação da abordagem correta de Active Streaming Protection em toda a cadeia de valor e pode começar com a necessidade de mostrar conformidade por meio de soluções como marca d’água forense ou multi-DRM. Ao mesmo tempo, uma plataforma de segurança centralizada é capaz de garantir um conjunto completo de recursos em redes de broadcast e IP que podem proteger contra várias ameaças.

Além dessas alternativas, a tecnologia pode ser útil também para o acesso à via judicial. Nós percebemos que quando convidávamos associações e empresas para visitar nossos laboratórios, eles tinham interesse em usufruir do laboratório de alguma forma e comentavam sobre as suas necessidades. Nós formatamos serviços de monitoria ativa para identificar marcas d’água e conseguir encontrar vazamentos, mas pelo trabalho de investigação conseguimos muito mais do que isso: um verdadeiro raio-x dentro da pirataria. Passamos a conhecer como os piratas se organizam, como monetizam, como se preparam para chegar no mercado. Não é uma estrutura simples, de garagem, nem é o cabeludão – estereótipo do hacker – quem está à frente do roubo de conteúdo autoral. Na pirataria existem especializações: pessoas que só trabalham roubando sinal, outras que só trabalham condensando o sinal roubado, criando sistemas de informação para trabalhar com esse sinal, equipes de botnet, de marketing digital, tráfego, SEO, front-end de sites e de apps.

Nos laboratórios, nós coletamos evidências que são utilizadas por associações de forma judicial. Cada país, em termos jurídicos, tem o seu fluxo, a sua regra. No Brasil, por exemplo, nós precisamos passar pelo Ministério da Justiça para qualquer ação legal, como o de fazer o tier down quando certa a existência de um mini head end pirata ou para bloqueios de IP ou bloqueios de DNS. O trabalho é árduo, minucioso, e a partir dele associações como a Alianza e a ABTA, no Brasil, conseguem oferecer denúncias, como a que resultou na Operação 404.

É possível remover aplicativos sem passar por esse trâmite, em contato direto com webstores, mas ainda assim é preciso criar um relatório jurídico, muito bem fundamentado com evidências irrefutáveis.

Investir em tecnologia e criar obstáculos ajuda a desestimular os piratas, mas principalmente a identificar vazamentos. A partir daí é possível bloquear e interromper o fluxo ilícito de conteúdo roubado. E é preciso ter em mente que “os fontes” nunca roubam sinal de um único lugar; eles contratam sinais em locais diferentes, porque precisam ter mais capacidade de desencriptar. Para os piratas, vale o conceito de backup: quem tem um, não tem nada.

Para mais informações sobre o Active Streaming Approach, da NAGRA, clique aqui.